O Brasil registrou em agosto de 2025 a primeira deflação do ano, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentando uma queda de 0,11%. Este cenário traz à tona questões relevantes para investidores de fundos imobiliários (FIIs), especialmente aqueles que possuem ativos indexados ao IPCA, sobre como a inflação negativa pode impactar seus rendimentos. Especialistas no setor destacam que existe um atraso de cerca de dois meses entre a variação do IPCA e o repasse aos cotistas, o que pode resultar em uma redução ou até mesmo na zeragem da correção em determinados meses.
Guilherme Manuppella, sócio de Crédito Imobiliário da RBR Asset, enfatiza que a deflação não representa uma perda estrutural para os fundos, mas sim um desafio temporário que deve ser analisado sob uma perspectiva de longo prazo. Ele observa que, embora a deflação possa afetar os rendimentos no curto prazo, a acumulação da inflação ao longo do tempo ajuda a preservar o poder de compra do capital investido. Rodrigo Possenti, head de FIIs da Fator Administração de Recursos, complementa que a diversificação entre diferentes indexadores é crucial para mitigar riscos e garantir estabilidade nos rendimentos.
Os gestores também ressaltam que a confusão entre rendimento real e correção da inflação é comum entre investidores. Para garantir a manutenção do poder de compra, é fundamental reinvestir parte dos dividendos recebidos. Além disso, mecanismos de suavização em alguns fundos podem ajudar a estabilizar os proventos mesmo em cenários de deflação. A busca por uma alocação equilibrada entre ativos indexados ao CDI e ao IPCA é vista como uma estratégia eficaz para enfrentar a volatilidade do mercado e assegurar rendimentos consistentes no longo prazo.