A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada na noite de segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF), levanta preocupações sobre a aversão ao risco no mercado financeiro brasileiro. Analistas apontam que a decisão pode pressionar ativos locais e influenciar a política econômica dos Estados Unidos, especialmente em relação ao tarifaço de Donald Trump, que entra em vigor nesta quarta-feira (6).
Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, destacou que o cenário atual pode resultar em um aumento da aversão a riscos, com a expectativa de que o dólar suba e os ativos de risco no Brasil sejam precificados negativamente. Na manhã desta terça-feira (5), o dólar já registrava alta de 0,40%, cotado a R$ 5,51, enquanto o ETF iShares MSCI Brazil (EWZ) caiu cerca de 1% após a decisão de Moraes.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, expressou preocupação com a possibilidade de Trump usar a situação de Bolsonaro como justificativa para alterar o tarifaço, o que poderia impactar negativamente empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos. Além disso, a imagem do Brasil no exterior pode ser afetada, resultando em uma diminuição do investimento estrangeiro, que já havia mostrado sinais de reversão após um primeiro semestre positivo.
Moraes fundamentou a prisão domiciliar de Bolsonaro com base em evidências de que o ex-presidente utilizou redes sociais para incitar ataques ao STF e apoiar intervenções estrangeiras no Judiciário. A decisão também levantou questões sobre a continuidade da influência de Bolsonaro nas instituições de Justiça, especialmente através de sua ligação com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).