Uma operação conjunta entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) resultou no resgate de 563 trabalhadores em condições análogas à escravidão em um canteiro de obras da TAO Construtora, localizado em Porto Alegre do Norte, Mato Grosso. A ação foi realizada após um incêndio nos alojamentos dos operários, que ocorreu no dia 20 de julho, quando os trabalhadores protestaram contra as condições precárias de trabalho e moradia.
Durante a fiscalização, os auditores-fiscais, em colaboração com a Polícia Federal, encontraram alojamentos insalubres, com dormitórios superlotados e sem ventilação adequada. Os trabalhadores relataram que enfrentavam longas filas para usar banheiros em condições precárias e que a alimentação fornecida era inadequada, com relatos de larvas e moscas na comida. Além disso, a falta de água potável e a interrupção do fornecimento de energia agravaram a situação.
A investigação também revelou indícios de tráfico de pessoas e servidão por dívida, com a empresa recrutando trabalhadores de forma enganosa em outras regiões do Brasil. Muitos operários pagaram do próprio bolso as passagens para chegar ao local de trabalho, apenas para terem os valores descontados dos salários. A fiscalização ainda identificou um sistema paralelo de controle de jornada, que permitia jornadas exaustivas de até 22 horas sem o devido registro.
Após o incêndio, parte dos trabalhadores foi realocada para casas e hotéis a 30 km da obra, enquanto outros permaneceram em condições inadequadas. A empresa não emitiu as Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) para os feridos, dificultando o acesso a benefícios e atendimento médico. O MPT continua a investigar as práticas da construtora e a situação dos trabalhadores resgatados.