Uma pesquisa da Unicamp identificou a presença de 14 tipos de agrotóxicos na água da chuva coletada em cidades do interior de São Paulo, incluindo dois produtos proibidos no Brasil: o fungicida carbendazin e o inseticida carbofurano. O estudo, publicado na revista científica *Chemosphere*, mostrou que essas substâncias, aplicadas em lavouras, se dissipam na atmosfera e retornam ao solo e a reservatórios de água por meio da chuva. Dez dos agrotóxicos detectados são proibidos na União Europeia, mas permitidos no país, enquanto quatro não têm limites de concentração segura definidos pelo Ministério da Saúde.
Os pesquisadores alertam que os efeitos dessas substâncias na saúde são cumulativos, podendo causar danos a longo prazo, como problemas reprodutivos e risco de câncer. Apesar disso, o consumo ocasional de água da chuva não traria impactos imediatos. O estudo destaca a falta de regulamentação para a maioria dos agrotóxicos usados no Brasil, já que apenas 10% deles são monitorados na legislação sobre qualidade da água.
Em resposta, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária afirmou que os produtos proibidos encontrados são derivados da degradação de defensivos agrícolas autorizados. O Ministério da Saúde reforçou a necessidade de vigilância e práticas mais seguras, como a restrição à pulverização aérea. Enquanto isso, produtores rurais defendem o uso controlado dessas substâncias, alegando que são essenciais para garantir a produtividade e evitar perdas nas lavouras.