Salvador Dalí, ícone do surrealismo no século 20, não se limitou às artes plásticas e deixou sua marca também no mundo da gastronomia. Em 1973, ele publicou *Les dîners de Gala*, um livro de receitas extravagantes inspirado nos jantares opulentos que organizava com sua musa, Gala. Quatro anos depois, lançou *Os vinhos de Gala*, uma obra que revolucionou a forma de enxergar a harmonização, classificando vinhos em categorias peculiares como “vinhos da frivolidade” e “vinhos do impossível”, refletindo sua obsessão por sensualidade e mitologia.
Apesar de não ter escrito pessoalmente o guia vitivinícola, Dalí supervisionou a obra, que foi elaborada por seu amigo e editor Draeger. O livro é repleto de ilustrações do artista, incluindo esboços e detalhes de pinturas anteriores, com mais de 140 imagens assinadas por ele. A obra também faz referência a *O sacramento da última ceia* (1955), uma de suas peças mais importantes da fase mística nuclear, que mistura simbolismo religioso com paisagens catalãs e ilusões ópticas.
A combinação de gastronomia, arte e surrealismo nos livros de Dalí revela um lado menos conhecido do gênio excêntrico, que transformou até mesmo a experiência culinária em uma extensão de seu universo criativo. Suas obras gastronômicas continuam a fascinar fãs e críticos, mostrando como o artista transcendia as fronteiras entre a arte e a vida cotidiana.