O povo romani, composto principalmente pelas etnias calon, rom e sinti, carrega uma história marcada por diáspora, perseguição e resistência cultural. No Brasil desde o século 16, essa população enfrenta desafios como racismo, falta de acesso a políticas públicas e invisibilidade social. Apesar de estimativas apontarem entre 800 mil e 1 milhão de ciganos no país, dados atualizados são escassos, dificultando a implementação de ações específicas. Recentemente, o governo federal instituiu o Plano Nacional de Políticas para Povos Ciganos, um avanço considerado significativo, mas ainda insuficiente para garantir direitos básicos como educação, saúde e moradia digna.
As lideranças ciganas destacam que o preconceito enraizado na sociedade brasileira perpetua a exclusão do grupo. O anticiganismo, alimentado por estereótipos históricos, ainda se manifesta em violências e discriminações, como as “correrias ciganas” — invasões policiais a acampamentos que persistiram até décadas recentes. Além disso, a falta de reconhecimento da territorialidade cigana e a ausência de um Estatuto específico no Congresso Nacional dificultam a proteção de seus direitos. Projetos como o PL 1.387/22, que visa criar o Estatuto dos Povos Ciganos, estão parados, retardando mudanças estruturais.
Embora o Dia Nacional do Cigano, celebrado em 24 de maio, e a criação do plano nacional representem passos importantes, as demandas por inclusão no Censo Demográfico e por políticas públicas adaptadas às especificidades culturais permanecem urgentes. Organizações como a Anec e a Apreci reforçam a necessidade de combater estereótipos e garantir acesso igualitário a serviços, sem segregar a comunidade. A luta do povo romani, portanto, segue focada em superar séculos de invisibilidade e conquistar espaço na sociedade brasileira como cidadãos plenos.