Especialistas e representantes de instituições de saúde manifestaram preocupação com projetos em tramitação no Congresso que propõem a legalização do comércio de cigarros eletrônicos no Brasil. Durante debate na Comissão de Previdência da Câmara dos Deputados, Felipe Lacerda Mendes, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), destacou que a proibição vigente desde 2009, mantida pela Anvisa em 2024, evitou o aumento do consumo entre jovens. Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 1% dos adolescentes brasileiros usam vapes, contra 6% em países como EUA e Canadá, onde o produto é legalizado.
A pneumologista Maria Enedina criticou as estratégias de marketing direcionadas a jovens, como sabores atrativos (maçã e mentol), que mascaram os riscos à saúde. Ricardo Meireles, da Associação Médica Brasileira, alertou sobre os danos cognitivos causados pela nicotina em adolescentes, incluindo ansiedade, déficit de atenção e possíveis efeitos permanentes. Além disso, foi destacado que a indústria do tabaco minimiza os custos sociais do tabagismo, que geram perdas anuais de R$ 153 bilhões ao país, superando em muito a arrecadação de impostos.
O deputado Allan Garcês reforçou o posicionamento contra a legalização, defendendo mais leis para proteger a saúde pública. Os especialistas argumentaram que, além dos danos individuais, a liberação dos cigarros eletrônicos poderia aumentar os gastos públicos com tratamentos de saúde e pensões por mortes prematuras, contrariando a tese de que a regulamentação traria benefícios fiscais.