O chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, David Gamble, chegou ao Brasil nesta segunda-feira (5) para uma agenda oficial focada em cooperação em segurança e combate ao crime organizado, conforme anunciado pela embaixada norte-americana. No entanto, a visita ganhou repercussão política, com alegações de que o diplomata também discutiria possíveis sanções contra membros do Judiciário brasileiro e ouviria parlamentares da oposição sobre supostos abusos do STF. A agenda inclui reuniões técnicas com o Itamaraty e o Ministério da Justiça, além de encontros com congressistas críticos às ações da corte suprema.
Gamble, um diplomata de carreira com vasta experiência em sanções internacionais e segurança global, já atuou em diversos países, incluindo Rússia e Afeganistão. Sua passagem pelo Brasil ocorre em um momento de crescente tensão entre setores da direita e o STF, especialmente após decisões judiciais recentes envolvendo investigações sobre atos golpistas. Apesar do foco oficial em cooperação bilateral, a visita é vista por alguns como uma oportunidade para articulações políticas alinhadas aos interesses da nova gestão norte-americana.
A embaixada dos EUA reforçou que a agenda de Gamble é técnica e voltada à segurança internacional, mas a falta de um embaixador titular no Brasil alimentou especulações sobre os reais objetivos da missão. Enquanto isso, parlamentares aliados ao governo anterior acompanham de perto os desdobramentos, destacando a complexidade das relações bilaterais em um cenário político polarizado.