A desinformação foi identificada como o principal risco global para 2025 e os próximos anos, superando até mesmo as mudanças climáticas, crises ambientais e conflitos migratórios. Tawfik Jelassi, diretor-geral adjunto de Comunicação e Informação da Unesco, destacou que os países ainda não estão suficientemente preparados para combater esse problema, tornando-se vulneráveis aos seus impactos negativos. Ele defendeu a necessidade de uma regulamentação internacional das redes sociais e um pacto global para enfrentar a disseminação de fake news, enfatizando que as plataformas digitais têm a responsabilidade primária de agir.
Jelassi citou um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts que revela que mentiras se espalham dez vezes mais rápido que a verdade, causando danos irreversíveis mesmo após retificações. A Unesco está organizando uma conferência global em junho de 2025 para discutir temas como inteligência artificial e transformação digital no setor público, com foco no desenvolvimento de capacidades dos servidores públicos. O especialista ressaltou que a tecnologia deve ser usada como uma força para o bem, citando exemplos como saúde, agricultura e combate às mudanças climáticas, mas alertou para os riscos éticos e a necessidade de regulamentação.
A entrevista também abordou as diretrizes da Unesco para plataformas digitais, incluindo a moderação de conteúdo e o combate ao discurso de ódio. Jelassi destacou o caso do LinkedIn como exemplo de rede social que mantém um ambiente livre de desinformação, mostrando que é possível equilibrar modelo de negócios e responsabilidade. Ele concluiu que, sem fatos verificados, a confiança e a realidade compartilhada são prejudicadas, ameaçando a democracia e a coesão social. A cooperação internacional é essencial, já que as plataformas digitais não reconhecem fronteiras nacionais.