Um papiro de quase 2 mil anos, descoberto no deserto da Judeia, detalha um elaborado esquema de evasão fiscal durante o Império Romano. O documento, recentemente analisado, descreve acusações de falsificação, fraude e venda ilegal de escravos para evitar o pagamento de impostos nas províncias da Judeia e Arábia, regiões que hoje correspondem a Israel e Jordânia. As penalidades para tais crimes eram severas, incluindo multas pesadas, exílio e até execução pública. O caso ocorreu durante o reinado do imperador Adriano, por volta do ano 130, em um contexto de tensão entre Roma e a população judaica local.
A pesquisa, publicada na revista Tyche, revela como as instituições romanas aplicavam a lei em províncias distantes, onde poucos habitantes tinham cidadania romana. O papiro, escrito em grego antigo e com termos jurídicos complexos, foi decifrado por uma equipe de especialistas após anos de estudo. Ele sugere que os acusados usaram transações fraudulentas para ocultar escravos dos registros fiscais, evitando impostos sobre vendas e libertações. O esquema lembra métodos modernos de fraude, como o deslocamento de ativos e documentos falsificados.
Embora o veredicto final não conste no documento, o caso ilustra a sofisticação do sistema legal romano e a suspeita das autoridades em relação aos súditos judeus. A análise também levanta questões sobre os motivos por trás do esquema, incluindo a possibilidade de cumprimento de obrigações religiosas ou simples lucro ilegal. O papiro oferece um raro vislumbre da vida cotidiana e dos conflitos em uma das províncias mais turbulentas do Império Romano.