O debate sobre os altos salários dos magistrados no Brasil ganhou força nos últimos anos, com críticas intensas sobre as vantagens e a moralidade desses rendimentos. Embora existam casos em que os salários sejam considerados excessivos, a verdadeira intenção por trás dessa campanha não se resume a uma questão de justiça salarial, mas sim a uma tentativa de desqualificar a Justiça como um todo. A crítica aos juízes, alimentada por uma onda moralista, visa enfraquecer as instituições judiciais e preparar o terreno para ataques futuros ao sistema democrático.
Esse movimento é impulsionado principalmente pela extrema direita, que vê no enfraquecimento da imagem do Judiciário uma forma de desestabilizar a democracia e abrir caminho para um governo autoritário. Embora o moralismo contra os magistrados seja endossado por setores da imprensa e parte da esquerda, essa união acaba beneficiando a narrativa extremista, que utiliza as redes sociais para amplificar a ideia de que os juízes representam uma casta privilegiada. A desmoralização da Justiça é, portanto, uma estratégia política que visa criar um ambiente favorável ao populismo e à erosão das instituições democráticas.
Ao adotar esse discurso moralista, a esquerda acaba inadvertidamente colaborando com os interesses da extrema direita, pois não percebe que a crítica aos magistrados pode ser uma faca de dois gumes. A busca por soluções para os problemas econômicos e sociais, como a melhoria dos salários da população, deveria ser uma prioridade, e não a desqualificação de uma das instituições que mais tem atuado contra práticas autoritárias. A luta por justiça e equidade no país precisa ser dissociada de campanhas que enfraquecem o sistema judicial e, por consequência, a democracia como um todo.