O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de importação de 25% para o México e Canadá e 10% para a China, logo após sua posse. Essa decisão pegou o mercado de surpresa, que esperava um processo mais gradual. Segundo Caio Megale, economista-chefe da XP, essas tarifas podem elevar o núcleo da inflação nos EUA em 0,7 ponto percentual, levando a inflação de 2% a 2,5% para cerca de 3,5%. Esse aumento mais significativo da inflação diminui as chances do Federal Reserve (Fed) cortar as taxas de juros no curto prazo, uma vez que o cenário econômico global mudou drasticamente.
A elevação das tarifas também traz reflexos importantes para a economia dos Estados Unidos e de seus parceiros comerciais, como México e Canadá. Megale estimou que, caso as tarifas se perpetuem, o PIB dos EUA pode sofrer uma queda anual de 0,2% a 0,3%. Para o México e o Canadá, porém, os impactos seriam muito mais severos, dado que as exportações desses países representam uma grande parcela de seus PIBs, com uma grande dependência do mercado americano. O México, por exemplo, destina aproximadamente 80% de suas exportações aos Estados Unidos.
No Brasil, os efeitos seriam menos significativos, pois as exportações brasileiras representam apenas 15% do PIB, e uma pequena fração desse montante é destinada aos EUA. Com o aumento das tarifas, o impacto no Brasil seria mais limitado, embora as condições globais possam afetar o crescimento econômico. Megale ainda mencionou que, apesar da inflação mais alta nos EUA, o Fed não deve reduzir os juros no futuro próximo, reforçando sua previsão de uma política monetária mais restritiva.