A crise síria, que já dura mais de dez anos, tem gerado profundas mudanças no cenário geopolítico do Oriente Médio, com a Turquia e o Catar emergindo como principais beneficiários do conflito prolongado. A analista Fernanda Magnotta destaca que a Turquia tem se beneficiado principalmente pela diminuição da influência de grupos ligados ao Curdistão na fronteira síria, o que fortalece sua posição regional, além da gestão da grande quantidade de refugiados que recebeu. Por sua vez, o Catar deve se beneficiar economicamente, especialmente com a possibilidade de construção de gasodutos pela Síria rumo à Europa, além de reduzir a influência do Irã na região.
Em contrapartida, a Rússia e o Irã, aliados históricos do regime sírio, saem enfraquecidos dessa situação. Para o Irã, o enfraquecimento da Síria representa uma ruptura no chamado “arco xiita”, uma aliança estratégica que inclui Irã, Iraque, Síria e Líbano, o que impacta sua influência regional. A Rússia também enfrenta desafios, especialmente em relação à sua única base naval no Mediterrâneo, localizada em Tartus, na Síria. A perda de apoio do regime sírio pode afetar suas ambições geopolíticas na região.
Essa reconfiguração geopolítica evidencia os complexos interesses em jogo na Síria, com potências regionais e globais buscando assegurar seus objetivos estratégicos enquanto enfrentam novos desafios em um cenário de instabilidade contínua.