A queda do ex-ditador sírio Bashar al-Assad marcou o fim de uma das ditaduras mais longevas do mundo, mas sua saída deixa um cenário de incerteza. A vitória dos rebeldes, apesar de representar uma derrota para potências como o Irã e a Rússia, pode ser apenas o início de uma nova fase de conflitos no país. A presença de grupos armados, como o HTS (Hayat Tahrir al-Sham) e as Forças Democráticas Sírias (SDF), traz à tona o risco de uma guerra civil ainda mais fragmentada e violenta, com interesses externos e internos cada vez mais distantes.
A transição política da Síria está longe de ser simples. Enquanto alguns grupos, como o HTS, buscam uma maior influência na reconstrução do país, outros, como o Exército Livre da Síria, temem ser marginalizados. Além disso, a aliança de milícias curdas (SDF) continua a lutar pela autonomia de seu território no nordeste sírio, em meio a um quadro onde diversos atores internacionais disputam espaço e poder. A complexidade desse cenário aumenta as chances de um reaquecimento do conflito, em um momento em que as potências regionais e globais tentam consolidar suas influências.
Em meio a essa instabilidade, surge a preocupação com a fragmentação territorial da Síria. Especialistas indicam que a situação pode evoluir para um cenário de desintegração ainda mais pronunciada, com a formação de novos estados ou áreas autônomas, como o Curdistão. Embora o fim do regime de Assad tenha trazido alívio para milhões de refugiados sírios, as incertezas sobre o futuro político e social do país permanecem, com o temor de que os mesmos problemas do passado possam se repetir, comprometendo qualquer possibilidade de um renascimento genuíno para a Síria.