A cidade de Franca, localizada na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, possui um sotaque característico que combina traços do falar dos mineiros do Sul de Minas e do interior paulista. Esse fenômeno linguístico é resultado da chegada, no século XVIII, de mineiros em busca de novas oportunidades, após o declínio da mineração em sua região original. A influência mineira se destaca pelo tom melódico, enquanto o R caipira, típico do interior paulista, também é uma marca registrada do falar local.
O linguista Soelis Mendes, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), explica que a fala de Franca reflete essa fusão de sotaques, com o R retroflexo e o tom melódico presentes no cotidiano da população. Apesar das influências externas, os moradores da cidade adotam essa combinação de forma espontânea e com orgulho, o que resulta em um jeito único de se comunicar, especialmente entre as gerações mais antigas que mantêm expressões típicas como “uai” e “ocê”.
O sotaque francano se tornou uma parte importante da identidade cultural local, valorizada pelos próprios habitantes. Para eles, a maneira de falar não é apenas uma herança histórica, mas também um símbolo de sua diferença e singularidade em um mundo cada vez mais globalizado. A preservação desse modo de falar é vista como uma forma de resistência cultural, tornando Franca um exemplo de diversidade linguística e identidade regional no Brasil.