Chimpanzés que vivem em parques de preservação na Uganda e na Costa do Marfim consomem diariamente uma quantidade de álcool equivalente a quase uma latinha e meia de cerveja, segundo estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley publicado na revista Science Advances. O etanol ingerido pelos animais provém da polpa fermentada de cerca de 20 espécies de frutas, que apresentam concentração alcoólica de até 0,3%. Cada chimpanzé consome em média 4,5 kg dessas frutas por dia, totalizando cerca de 14 gramas de álcool.
Apesar do volume significativo de álcool consumido, os pesquisadores não observaram sintomas de intoxicação nos chimpanzés, pois o consumo ocorre ao longo do dia, sem episódios concentrados. Foram registrados 70 episódios de ingestão por indivíduos de ambos os sexos e várias idades. A pesquisa reforça evidências anteriores sobre o consumo natural de álcool por primatas selvagens e destaca a possibilidade de que esse comportamento tenha sido comum aos ancestrais humanos que habitavam florestas tropicais africanas.
Segundo os autores, essa herança alimentar pode explicar a atração humana pelo álcool, sugerindo que o consumo etílico tem raízes evolutivas profundas. O estudo contribui para a compreensão da origem do consumo de álcool na espécie humana e abre caminho para novas investigações sobre comportamentos alimentares ancestrais e suas implicações biológicas.

