Mais de cem crianças e adolescentes foram retirados de situações de trabalho infantil em fábricas de calçados localizadas em Nova Serrana e Perdigão, no Centro-Oeste de Minas Gerais, durante uma operação realizada entre os dias 22 e 26 de setembro pela Auditoria-Fiscal do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego. A ação contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal. Os menores atuavam em atividades consideradas insalubres e perigosas, como aplicação de cola com solventes tóxicos, operação de máquinas, exposição a ruídos excessivos e manuseio de produtos químicos, todas proibidas pela legislação brasileira.
Dos 68 estabelecimentos fiscalizados, 65 apresentaram irregularidades envolvendo trabalho infantil. Foram identificados uma criança de 11 anos, dois adolescentes de 13 anos e outros 104 entre 14 e 17 anos, sendo a maioria do sexo masculino e com significativa parcela se declarando negra ou parda. Muitos apresentavam evasão escolar, com 23% sem frequência escolar e 12% que não informaram sua situação educacional. Em um dos casos, uma menina de 11 anos foi flagrada trabalhando em ambiente com forte presença de vapores tóxicos.
Os adolescentes com menos de 16 anos foram imediatamente afastados das atividades laborais, enquanto os maiores foram realocados para funções permitidas por lei. As empresas serão autuadas pela Auditoria-Fiscal do Trabalho e os jovens encaminhados à rede de proteção social, com apoio do Conselho Tutelar e das secretarias municipais de Assistência Social e Educação. Foi proposta ainda uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para inclusão dos adolescentes em programas de aprendizagem profissional, buscando garantir formação segura e prevenir o retorno ao trabalho infantil.