A C2 Gestão de Patrimônio, empresa oficialmente apontada como doadora do centro de treinamento (CT) de artes marciais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil de São Paulo, está sob investigação por suspeita de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro. O representante da empresa, um homem de 34 anos registrado como pintor e residente em uma ocupação irregular no litoral norte paulista, é investigado por suposta ligação com diversas empresas de fachada e por ter recebido valores milionários da fintech Yespay, que é alvo de apurações por atuar para o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo o inquérito conduzido pela 1ª Delegacia Seccional da Capital, pelo menos 12 empresas associadas ao contador Fernando Macedo Frota Rondino apresentam indícios de ‘alaranjamento’ — prática que consiste em ocultar a real propriedade dos negócios. A fintech Yespay, envolvida em operações milionárias entre 2019 e 2021, foi alvo das operações Dalila e Concierge, ambas da Polícia Civil e da Polícia Federal, que investigam lavagem de dinheiro para o PCC. A C2 doou R$ 36,7 mil para a construção do CT do Deic, valor divulgado oficialmente dias após reportagem revelar doador oculto ligado ao crime organizado.
As investigações indicam que Rondino teria fornecido estrutura fraudulenta para que organizações criminosas operassem e lavassem dinheiro obtido com tráfico e falsificação. A complexidade das transações e a ligação com o PCC podem resultar em desdobramentos judiciais significativos, além de questionamentos sobre a origem dos recursos destinados a instituições policiais. O caso reforça a necessidade de maior rigor na análise das doações e na fiscalização das relações entre empresas e órgãos públicos.