O Brasil está passando por uma fase crítica no setor rodoviário, com uma onda de novas concessões que resultou no maior número de leilões em 17 anos. No entanto, esse avanço é ofuscado pela escassez de mão de obra especializada, com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimando um déficit de 75 mil engenheiros no país. Entre 2015 e 2018, o Brasil realizou apenas dois leilões de rodovias federais, mas entre 2023 e 2025, o número saltou para 16, refletindo uma crescente demanda por profissionais qualificados.
As concessionárias estão se adaptando a essa realidade ao investir em tecnologia e implementar programas de capacitação e retenção de talentos. Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, destaca que, apesar do financiamento disponível e contratos competitivos, o país enfrenta um gargalo na oferta de profissionais. A situação é agravada pela migração de jovens para setores mais atrativos, como tecnologia e serviços, além do fechamento de grandes empresas de construção após a Operação Lava Jato.
Para enfrentar esses desafios, empresas como EcoRodovias e Motiva estão adotando estratégias inovadoras, como parcerias com universidades e programas de mentoria. A Arteris também investe em capacitação interna para fidelizar engenheiros e mitigar a competição por talentos. Contudo, a escassez de mão de obra pode elevar salários e comprometer a qualidade da execução dos projetos rodoviários, exigindo uma urgente reavaliação das políticas educacionais e do mercado de trabalho.