A comunidade quilombola Kédi, situada em uma área nobre de Porto Alegre, enfrenta uma grave crise após a demolição de cerca de dez casas na última segunda-feira (22). O ato ocorreu poucos dias após a juíza Jessica Silveira Rollemberg Gomes homologar 45 acordos entre as famílias do quilombo e a Prefeitura Municipal, o que levanta sérias questões sobre a legalidade das ações. A comunidade, reconhecida pela Fundação Cultural Palmares em fevereiro de 2023, luta desde 2014 para garantir seus direitos territoriais e preservar sua cultura.
Representantes da comunidade afirmam que as demolições violam uma liminar que proíbe novas destruições e que as ações estão sendo realizadas em favor de empreendimentos imobiliários. O advogado Onir Araújo destaca que essas ações afrontam tratados internacionais e resoluções do Conselho Nacional de Justiça, evidenciando a gravidade da situação. Além disso, os acordos de reassentamento oferecidos às famílias não garantem assistência adequada para a compra de novas moradias, resultando em irregularidades e descontentamento entre os moradores.
As demolições não apenas comprometem a infraestrutura da comunidade, mas também afetam sua memória cultural e patrimonial, com mais de 110 anos de ocupação. O Quilombo Kédi já acionou a Justiça Federal buscando reparação pelos danos causados e a manutenção da posse do território. Enquanto isso, a Defensoria Pública da União e outras instituições se manifestam em apoio à comunidade, que planeja uma vigília no próximo domingo (28) para reforçar sua luta por direitos e dignidade.