Um estudo publicado na revista Nature revelou que a Petrobras e a Vale estão entre as empresas responsáveis pela intensificação de ondas de calor extremo entre 2000 e 2023. Os pesquisadores analisaram 213 episódios climáticos e atribuíram parte da severidade desses eventos às emissões das 180 maiores empresas de combustíveis fósseis e cimento, conhecidas como ‘carbon majors’, que são responsáveis por cerca de metade do aumento na intensidade desses fenômenos desde a era pré-industrial.
A pesquisa estima que cada uma das 14 maiores petrolíferas do mundo, incluindo a Petrobras, teria contribuído individualmente para cerca de 50 ondas de calor. A Vale foi mencionada devido à sua antiga atividade de mineração de carvão, encerrada em 2022. Em resposta, a Vale afirmou estar comprometida com a redução de emissões, enquanto a Petrobras não se manifestou até o fechamento da reportagem.
As conclusões do estudo surgem em um contexto de crescente debate jurídico sobre a responsabilização de grandes poluidores. A Corte Internacional de Justiça reconheceu que os Estados têm a obrigação legal de proteger o sistema climático, enquanto tribunais na Alemanha decidiram que empresas podem ser responsabilizadas pelos danos causados por suas emissões de CO2. Essa nova abordagem destaca a relevância da ciência de atribuição climática, que quantifica o impacto específico das emissões corporativas em eventos extremos.