Um estudo recente indica que o gênero de fungos Escovopsis, até então considerado um parasita de formigas, pode ter funções ecológicas mais complexas. Publicada na revista Communications Biology e apoiada pela FAPESP, a pesquisa revelou que esses fungos surgiram há 56,9 milhões de anos, 18 milhões de anos antes das formigas-cortadeiras com as quais se associam atualmente. A análise de 309 linhagens coletadas em oito países das Américas permitiu aos pesquisadores determinar que a relação com as formigas-cortadeiras se estabeleceu há 38 milhões de anos.
Os pesquisadores, liderados por Quimi Vidaurre Montoya do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), em Rio Claro, sugerem que Escovopsis pode ter coexistido com grupos ancestrais de formigas cultivadoras de fungos antes de se associar às formigas-cortadeiras. O estudo destaca a coevolução entre esses organismos e sugere que Escovopsis não deve ser tratado apenas como um parasita, uma vez que suas adaptações morfológicas e fisiológicas podem indicar um papel mais complexo no ecossistema.
As implicações desse estudo são significativas para a compreensão das interações ecológicas entre fungos e formigas. A pesquisa desafia a visão tradicional sobre Escovopsis e abre novas possibilidades para investigar sua evolução e papel no ambiente. Com a descrição de novas espécies e gêneros, os pesquisadores esperam contribuir para o conhecimento sobre a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas onde esses organismos habitam.