A renovação do visto de entrada do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelos Estados Unidos nesta segunda-feira (8) oferece ao governo brasileiro um raro respiro em meio à escalada de tensões com Washington. O gesto, embora protocolar, ocorre na mesma semana em que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) entra em fase decisiva, reacendendo preocupações de que uma condenação possa servir de gatilho para novas reações do presidente americano, Donald Trump.
Desde julho, quando Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e citou Bolsonaro como alvo de perseguição política, a relação bilateral se deteriorou. O Planalto respondeu com a ameaça de aplicar a Lei da Reciprocidade, mas viu crescer o temor de uma escalada com impacto direto no comércio e nas cadeias de investimento. Nesse contexto, a renovação do visto de Haddad não elimina a tensão, mas sinaliza que ao menos os canais formais de diálogo seguem funcionando.
Enquanto isso, o STF retoma nesta terça-feira (9) o julgamento de Bolsonaro e de outros sete aliados acusados de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. A eventual condenação não apenas altera a correlação de forças na política interna, mas pode servir de munição para Trump endurecer sua retórica contra o Brasil. Assim, o mercado se vê operando no fio da navalha, onde qualquer sinal de distensão pode oferecer uma trégua momentânea, mas a crise tarifária continuará sendo o termômetro real da relação entre Brasília e Washington.