Vídeos gerados por inteligência artificial têm se tornado uma preocupação crescente nas redes sociais, mostrando mulheres de biquíni em entrevistas e gerando comentários obscenos. Esses conteúdos, produzidos em massa com ferramentas de baixa qualidade, frequentemente desbancam publicações autênticas e borram a linha entre realidade e ficção, criando uma nova indústria de influenciadores que lucram com material sexualizado. A equipe de checagem da AFP identificou centenas desses vídeos, muitos em híndi, que retratam interações misóginas e sexistas, alcançando dezenas de milhões de visualizações.
A psicóloga Nirali Bhatia, especializada em ciberespaço, destaca que a misoginia, antes restrita a conversas informais, agora se manifesta em imagens geradas por IA, contribuindo para um ambiente online cada vez mais hostil às mulheres. A proliferação desses vídeos tem consequências diretas na percepção pública e na confiança no conteúdo visual, como observa Emmanuelle Saliba da GetReal Security. A situação é agravada pela monetização desse tipo de conteúdo, onde criadores são incentivados a produzir material viral sem moderação adequada.
Com a crescente popularidade dos vídeos gerados por IA, especialistas alertam que a luta contra o sexismo online não é apenas tecnológica, mas também social e cultural. As plataformas tentam implementar medidas contra conteúdos não autênticos, mas a eficácia dessas ações ainda é questionável. O consultor de IA Divyendra Jadoun ressalta que a IA não cria misoginia, mas sim reflete e amplifica comportamentos já existentes, indicando que a mudança deve vir da sociedade como um todo.