Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, sugere que a diminuição dos níveis de lítio no cérebro pode contribuir para o declínio cognitivo e o desenvolvimento da doença de Alzheimer. A pesquisa, publicada na revista científica Nature, revela que tanto análises de tecido cerebral humano quanto testes em camundongos mostraram que a queda nos níveis de lítio está associada ao surgimento de placas amiloides e emaranhados neurofibrilares, característicos da doença. Além disso, experimentos indicam que um tipo específico de suplemento de lítio pode reverter essas alterações e restaurar a memória, promovendo um funcionamento cerebral mais saudável.
O professor Orestes Vicente Forlenza, da Universidade de São Paulo (USP), destaca que o lítio já é reconhecido como um tratamento para doenças mentais e transtornos neuropsiquiátricos, além de ser considerado um agente neuroprotetor. Estudos anteriores em países como Dinamarca e Estados Unidos mostraram uma correlação inversa entre a concentração de lítio na água do lençol freático e a incidência de Alzheimer. Essa nova pesquisa reforça a ideia de que níveis adequados de lítio são essenciais para a saúde cerebral, especialmente em indivíduos com predisposição a doenças neurodegenerativas.
As descobertas sobre os efeitos protetores do lítio abrem novas possibilidades para tratamentos em larga escala, dado seu baixo custo e segurança em doses menores. Forlenza enfatiza o potencial terapêutico do lítio não apenas contra o Alzheimer, mas também em relação a outras condições degenerativas, como a doença de Parkinson e na recuperação pós-AVC. O estudo representa um avanço significativo na busca por intervenções eficazes para preservar a saúde cognitiva na população envelhecida.

