Em Pernambuco, antigas casas-grandes, que outrora representavam opressão durante o ciclo da cana-de-açúcar, estão sendo transformadas em museus e espaços de aprendizado. Entre os exemplos mais significativos estão o Museu da Abolição, localizado na Zona Oeste do Recife, e a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, em Apipucos. Essas iniciativas visam celebrar a memória do abolicionismo e a cultura afro-brasileira, promovendo um novo entendimento sobre a história local.
A pesquisadora Amanda Barlavento Gomes destaca que esses locais podem ser vistos como um roteiro do abolicionismo em Pernambuco. A historiografia atual questiona a ideia de que a economia pernambucana era exclusivamente movida pelo açúcar, revelando a interdependência com o comércio de pessoas escravizadas. O Museu da Abolição, por exemplo, foi criado em 1957 para homenagear figuras abolicionistas como João Alfredo e Joaquim Nabuco, refletindo um esforço contínuo para ressignificar espaços que antes eram símbolos de opressão.
Essas transformações têm implicações significativas para a educação e a conscientização sobre o passado escravocrata do Brasil. Ao resgatar a história e promover o diálogo sobre a cultura afro-brasileira, esses museus não apenas preservam a memória, mas também incentivam uma reflexão crítica sobre as injustiças do passado. Assim, as casas-grandes se tornam não apenas monumentos históricos, mas também centros de aprendizado e resistência cultural.