Crescimento de fusões e aquisições no Brasil impulsionado por previsibilidade econômica

Fernando Alcântara Mendonça
Tempo: 3 min.

O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil avançou nos últimos meses, mesmo diante de um ambiente macroeconômico desafiador. Segundo o advogado Gustavo Michel Arbach, sócio da área Societária do escritório Marcos Martins, o número de operações de M&A e investimentos acompanhados por sua equipe aumentou cerca de 50% em 2025 em comparação ao mesmo período do ano passado. “Empresas compram concorrentes ou parceiros complementares para fortalecer sua posição no mercado, enquanto outras vendem por questões sucessórias ou de reestruturação interna. Esse tipo de operação mostra que o movimento é também reflexo de decisões estratégicas para reposicionamento”, afirmou Arbach.

O ambiente de maior clareza sobre o rumo do país tem sido tão ou mais importante que a redução da taxa Selic. “Na minha opinião, o pior cenário para o investidor e para o mercado é a incerteza. Nos últimos anos não estava claro qual direção o Brasil tomaria. Hoje, mesmo que os indicadores sejam negativos, temos mais previsibilidade até as eleições do ano que vem, o que ajuda empresas e investidores a tomar decisões”, disse Arbach. O início de um ciclo de cortes de juros amplia esse movimento. “Com juros altos, de 15%, os investimentos ficam inviáveis porque a taxa de retorno não compensa. Agora, com a queda, empresas conseguem captar a custos menores, fundos aceitam retornos mais baixos e há mais apetite para risco. Isso aumenta o volume de operações por maior oferta de ativos”, acrescentou.

Se o ambiente macroeconômico cria espaço para crescimento, o jurídico ainda impõe entraves. Arbach lembra que o sistema brasileiro é um dos mais complexos do mundo, o que eleva os custos e os prazos de auditorias jurídicas. “Mesmo com uma due diligence robusta, o risco jurídico permanece, já que compradores sucedem obrigações pós-fechamento. E há ainda a insegurança sobre cláusulas contratuais, porque a maioria dos litígios vai para arbitragem, que é confidencial. Assim, faltam precedentes públicos que deem previsibilidade.” A nova Resolução CVM 175 e a reforma tributária também moldam as negociações, exigindo maior atenção das empresas para garantir operações sustentáveis e bem-sucedidas.

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