A carne bovina brasileira enfrenta um novo desafio no mercado internacional, após a imposição de uma tarifa de 50% sobre as importações do produto pelos Estados Unidos, conforme decreto assinado pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira (30). A medida, que entra em vigor em 6 de agosto, foi anunciada em resposta a ações políticas no Brasil, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Essa mudança pode impactar diretamente os pecuaristas brasileiros e o consumidor final, uma vez que a competitividade do produto no mercado norte-americano será severamente reduzida.
José Carlos de Lima Junior, consultor em agronegócio de Ribeirão Preto (SP), alerta que, embora possa haver uma queda inicial nos preços devido a uma sobra de produção, a tendência é que, a médio prazo, os preços voltem a subir. Ele explica que a desmotivação dos produtores em disponibilizar mais animais para abate, em função da baixa no retorno financeiro, pode resultar em uma menor oferta de carne no futuro, levando a uma possível inflação no setor.
O Brasil, que é o maior exportador de carne bovina do mundo, terá que buscar novos mercados para compensar a perda de acesso aos Estados Unidos, que atualmente é um dos principais compradores do produto. No entanto, Lima Junior ressalta que essa transição não é simples, pois envolve a adequação a protocolos sanitários e a formalização de contratos que demandam tempo. A concorrência com outros países, como a Austrália, que já possui acordos comerciais com os EUA, também representa um desafio adicional para os pecuaristas brasileiros.