A fertilização in vitro (FIV) tem proporcionado a realização do sonho da maternidade e paternidade para milhões de pessoas. Com o avanço das tecnologias genéticas, tornou-se possível não apenas gerar embriões em laboratório, mas também selecionar aqueles com maiores chances de sucesso na gestação. Essa prática levanta questões éticas sobre os limites da intervenção científica na reprodução humana.
Atualmente, técnicas como a análise genética pré-implantacional (PGT-A, PGT-M e PGT-SR) permitem avaliar a viabilidade dos embriões. O PGT-A, por exemplo, verifica se os embriões possuem o número correto de cromossomos, enquanto o PGT-M identifica embriões que não herdaram mutações genéticas específicas. Já o PGT-SR analisa alterações estruturais nos cromossomos, que podem afetar a gestação. Essas análises são especialmente recomendadas para mulheres com idade avançada ou histórico de abortos.
Além das análises genéticas, a inteligência artificial também está sendo utilizada para otimizar a seleção embrionária. Sistemas como o Magenta utilizam imagens dos embriões e dados clínicos para ranquear quais têm maior probabilidade de sucesso na implantação. Essa combinação de genética e tecnologia representa um avanço significativo na medicina de precisão, permitindo escolhas mais informadas e personalizadas.
Entretanto, o uso dessas tecnologias gera debates sobre os limites éticos da seleção embrionária. Embora as análises ofereçam estimativas de risco para diversas condições de saúde, a questão permanece: até onde a ciência deve intervir na escolha de características dos futuros filhos? O desafio é equilibrar os benefícios das novas tecnologias com a necessidade de respeitar princípios éticos e legais em cada país.