O governo do presidente Javier Milei está implementando medidas para reintegrar ao sistema financeiro os dólares não declarados pelos argentinos, prática conhecida como ‘dólares debaixo do colchão’. Estima-se que cerca de US$ 246 bilhões estejam fora do sistema bancário, valor que supera em muito as reservas internacionais do Banco Central da Argentina. O plano inclui permitir o uso desses recursos para compra de imóveis ou investimentos sem justificar a origem, visando estimular a economia.
A desconfiança dos argentinos em relação ao peso e aos bancos remonta a crises históricas, como o ‘Rodrigazo’ em 1975 e o ‘Corralito’ em 2001, que levaram à perda de poupanças e à adoção do dólar como reserva de valor. Especialistas apontam que a escassez de dólares no sistema limita o crescimento econômico, já que esses recursos não são usados para consumo ou investimento. O governo argumenta que a medida busca ‘devolver a liberdade’ aos cidadãos, mas críticos alertam para riscos de incentivar a informalidade e violar regras de transparência financeira.
A iniciativa gera debate sobre a eficácia das medidas e a confiança nas instituições. Enquanto Milei defende os poupadores como ‘heróis’, o FMI monitora a situação, lembrando os compromissos do país com a transparência. A questão central é se os argentinos recuperarão a confiança no sistema financeiro e na moeda local após décadas de instabilidade.