Pesquisadores do Laboratório de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG), em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), revelaram que é possível expandir a produção de carne e soja no Cerrado até 2030 sem desmatar. A solução proposta inclui a recuperação de áreas degradadas e a intensificação sustentável das pastagens, que poderiam sustentar até 61 milhões de unidades animais. O estudo destaca que a intensificação técnica das pastagens libera áreas para agricultura sem avançar sobre a vegetação nativa.
O estudo também aborda os impactos climáticos da conversão de vegetação nativa em pastagens ou plantações, como o aumento das temperaturas locais e a redução da evapotranspiração. Para mitigar esses efeitos, os pesquisadores propõem o uso de Paisagens Produtivas Sustentáveis, que combinam manejo eficiente do solo com regeneração de ecossistemas. Maria Hunter, especialista do Lapig, ressalta que pastagens bem manejadas podem recuperar solos e aumentar o armazenamento de carbono, reduzindo emissões de gases de efeito estufa.
Os cenários projetados até 2030 indicam que pastagens de alto vigor podem sustentar 34,1 milhões de unidades animais, enquanto áreas de médio e baixo vigor seriam recuperadas ou convertidas para soja e regeneração natural. A implementação do modelo, no entanto, enfrenta desafios como a necessidade de investimentos, assistência técnica e revisão de políticas públicas. O objetivo é atender à demanda por carne e grãos sem pressionar o bioma do Cerrado.