O chamado “clubismo” do investidor brasileiro, que prioriza ativos domésticos mesmo em cenários de turbulência global, representa um dos principais desafios para instituições financeiras internacionais que buscam ampliar sua atuação no país. Diferentemente de outros mercados latino-americanos, como o México – onde cerca de 70% dos recursos estão dolarizados –, no Brasil essa proporção se inverte, com a maioria do capital mantido em aplicações locais. Essa característica tem impacto direto na estratégia de bancos globais que operam no país.
Especialistas apontam que, embora o mercado brasileiro ofereça oportunidades atrativas, a concentração excessiva em ativos domésticos pode limitar a diversificação e a proteção do patrimônio em longo prazo. Nos últimos anos, houve um aumento na popularização de investimentos no exterior, movimento visto como positivo para equilibrar os portfólios. No entanto, a educação financeira para gestão sofisticada de recursos ainda é um ponto a ser desenvolvido, principalmente entre investidores de alto patrimônio.
Apesar das dificuldades, instituições financeiras globais enxergam potencial no mercado brasileiro, especialmente no atendimento a clientes com negócios internacionais ou famílias com membros no exterior. A estratégia passa por oferecer não apenas produtos offshore, mas também orientação sobre planejamento sucessório e exposição a mercados diversificados, sempre com foco no longo prazo e na preservação do patrimônio em diferentes cenários econômicos.