Escamas microscópicas encontradas em fezes fossilizadas de 236 milhões de anos, descobertas no Parque Nacional Talampaya, na Argentina, indicam que as borboletas surgiram muito antes do aparecimento das flores. A pesquisa, publicada no *Journal of South American Earth Sciences*, antecipa em 35 milhões de anos o registro fóssil mais antigo desses insetos, preenchendo uma lacuna entre evidências genéticas e achados paleontológicos anteriores.
Os fósseis foram encontrados em coprólitos — fezes fossilizadas — deixadas por herbívoros extintos, os dicynodontes. A análise revelou uma nova espécie de borboleta, batizada de *Ampatiri eloisae*, cujo nome homenageia uma pesquisadora falecida e os povos indígenas da região. A descoberta sugere que esses insetos já possuíam estruturas para sugar líquidos antes mesmo da existência de flores, adaptando-se a plantas não floríferas.
Apesar do avanço, especialistas destacam que a ausência de fósseis corporais completos dificulta a identificação precisa de outras escamas encontradas. No entanto, a descoberta abre caminho para novas pesquisas, com a possibilidade de encontrar vestígios ainda mais antigos, possivelmente remontando ao Período Permiano, há mais de 252 milhões de anos.