A nova agroindústria na Ilha das Cinzas, no Pará, está transformando a vida de comunidades extrativistas ao processar frutos amazônicos como murumuru, ucuuba e patauá para a produção de cosméticos. Construída em parceria com empresas como Natura e Weg, a instalação é a primeira em área de várzea a operar totalmente com energia limpa, proveniente de um sistema solar com armazenamento em baterias. A iniciativa deve aumentar a renda das famílias em até 60%, além de promover melhorias coletivas, como acesso a água tratada e energia solar, substituindo geradores a diesel.
A Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas da Ilha das Cinzas (Ataic), fundada em 2000, começou com a pesca de camarão e hoje beneficia cerca de 450 famílias em municípios do Amapá e do Pará. A diversificação para bioativos permitiu que as comunidades evitassem o desmatamento, como no caso da ucuuba, antes explorada para madeira e agora valorizada por suas sementes. A agroindústria também representa um marco tecnológico, com um sistema energético resiliente que mantém operações mesmo em dias sem sol.
O projeto serve como modelo para outras regiões isoladas da Amazônia, combinando geração de renda, conservação florestal e inovação sustentável. O governo federal, em parceria com Embrapa e Sebrae, planeja expandir iniciativas semelhantes para cadeias produtivas como açaí e castanha-do-brasil, com investimentos previstos de R$ 104 milhões do Fundo Amazônia. A iniciativa reforça a importância de políticas públicas que considerem as particularidades das comunidades de várzea, promovendo desenvolvimento sem comprometer o meio ambiente.