Pelo segundo dia consecutivo, mais de 70 caminhões carregados de alimentos foram saqueados perto de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Milhares de pessoas se aglomeraram na estrada Salah al Din para pegar itens como farinha, açúcar e lentilhas, segundo relatos do Programa Mundial de Alimentos (PMA). Os veículos estavam destinados a famílias no norte do enclave, onde a situação humanitária é ainda mais crítica, mas foram interceptados por moradores desesperados, que receberam ordens para levar apenas uma sacola cada.
No dia anterior, 77 caminhões com farinha também foram parados e saqueados, principalmente por civis famintos, conforme confirmou o PMA. A organização destacou que, após quase 80 dias de bloqueio total de suprimentos, a população está em situação extrema e não consegue ver comida passar sem tentar obtê-la. Embora a chegada esporádica de ajuda seja um avanço, a quantidade distribuída até agora—cerca de 200 caminhões—é insuficiente perto da demanda pré-conflito, quando 500 veículos entravam diariamente em Gaza.
Sob pressão internacional, Israel permitiu que uma fundação distribuísse alimentos em áreas militarizadas, mas apenas um centro em Rafah opera por poucas horas ao dia. Neste domingo, pelo menos 21 pessoas morreram e 179 ficaram feridas após tropas abrirem fogo contra civis que aguardavam para receber comida. A situação continua tensa, com obstáculos burocráticos e inspeções retardando a entrega de ajuda essencial à população.