O envelhecimento da população brasileira avança, com um em cada dez habitantes já tendo atingido os 65 anos, segundo o IBGE. No entanto, para a comunidade LGBTQIA+, essa fase da vida é marcada por desafios específicos, como discriminação, solidão e dificuldades no acesso à saúde. Ativistas e especialistas destacam a necessidade de políticas públicas e serviços especializados para garantir dignidade e acolhimento a esses idosos, que muitas vezes enfrentam invisibilidade e preconceito até em instituições de longa permanência.
A falta de preparo dos profissionais de saúde e a fragilidade das redes de apoio social são problemas críticos. Dora Cudignola, presidente da associação EternamenteSOU, defende a criação de espaços dedicados à comunidade LGBTQIA+ idosa, onde possam envelhecer com segurança e respeito. O gerontologista Diego Felix Miguel reforça que muitos idosos retornam ao “armário” em ambientes de cuidado, temendo discriminação, enquanto o geriatra Milton Crenitte alerta para os impactos da solidão e do isolamento na saúde física e mental dessas pessoas.
Cada grupo dentro da sigla LGBTQIA+ enfrenta desafios únicos: mulheres lésbicas têm menor acesso a exames preventivos, homens gays sofrem pressão estética e pessoas trans lidam com exclusão histórica no acesso a direitos básicos. A Antra denuncia a negligência médica ao longo da vida das pessoas trans, resultando em um envelhecimento marcado por dores físicas e psicológicas. Especialistas concordam que, sem políticas inclusivas e serviços capacitados, o direito a uma velhice digna seguirá sendo negado a essa população.