O dólar iniciou junho com queda acentuada no mercado brasileiro, acompanhando a desvalorização da moeda americana no exterior. O movimento foi impulsionado pelo acirramento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, incluindo o aumento de tarifas sobre aço e alumínio anunciado pelo governo americano. Apesar disso, o real teve desempenho inferior a outras moedas latino-americanas, reflexo do aumento da percepção de risco fiscal no Brasil, ligado a incertezas sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a revisão da perspectiva de rating pela Moody’s.
Operadores destacam que o real ainda se beneficia de juros elevados e do chamado “carry trade”, atraindo fluxos de investimentos que saem dos EUA em busca de melhores retornos. No entanto, a indefinição sobre o futuro do IOF e a falta de clareza sobre medidas estruturais para ajustar as contas públicas mantêm o mercado em alerta. Enquanto isso, no exterior, o dólar enfraqueceu frente a moedas como o euro e o iene, com commodities e moedas de países exportadores, como o dólar australiano, registrando ganhos.
Especialistas apontam que o cenário para o real dependerá do rumo da economia americana: um “pouso suave” pode manter o ambiente favorável a moedas emergentes, enquanto uma recessão nos EUA poderia levar a migração de capitais para ativos mais seguros, como iene e franco suíço. Enquanto isso, o governo brasileiro busca ajustes no IOF e soluções fiscais de longo prazo, mas a falta de estudos prévios e a reação negativa do Congresso e do setor produtivo aumentam as incertezas. O dólar comercial fechou o dia em queda de 0,77%, a R$ 5,6757, acumulando desvalorização de 8,16% no ano.