A Justiça Federal autorizou o bloqueio de R$ 23,8 milhões em patrimônio de empresas e sócios envolvidos em um esquema de cobranças não autorizadas sobre benefícios previdenciários. A decisão, divulgada nesta segunda-feira (2), visa assegurar o ressarcimento de aposentados e pensionistas que tiveram descontos irregulares entre 2019 e 2024. A medida faz parte da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril, e já resultou no afastamento de autoridades e na apreensão de mais de R$ 1 bilhão em bens.
Segundo investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, o grupo movimentou mais de R$ 6,3 bilhões por meio de descontos indevidos em benefícios do INSS. Entre as entidades investigadas, algumas apresentaram arrecadações que saltaram de R$ 400 mil para R$ 277 milhões em cinco anos. O INSS estima que até 9 milhões de beneficiários tenham sido afetados, com possíveis restituições chegando a R$ 2 bilhões, a serem processadas via aplicativo Meu INSS e Central 135.
As apurações também revelaram suspeitas de uso de criptoativos para ocultar recursos desviados e fraudes no sistema de biometria do Gov.br. Desde maio, empréstimos consignados exigem validação biométrica para evitar novos abusos. Enquanto autoridades afirmam que parte do esqueme começou em gestões anteriores, o crescimento dos valores irregulares sob o atual governo ampliou o debate político sobre o caso. A AGU solicitou a quebra de sigilo dos investigados para rastrear os recursos, e o INSS começou a notificar beneficiários para conferência e devolução automática dos valores.