O ciclo de alta da taxa Selic, que atingiu 14,75% ao ano, está afetando os investimentos em infraestrutura no Brasil, segundo Luciana Costa, diretora do BNDES. Ela afirmou que o total de aprovações de financiamentos para o setor pode não ultrapassar R$ 80 bilhões este ano, com projetos em rodovias, saneamento e energia sendo os mais impactados. Para mitigar os efeitos dos juros elevados, o banco tem adotado novos instrumentos, como a aquisição de debêntures de infraestrutura, oferecendo flexibilidade aos financiamentos.
Apesar do cenário desafiador, o Brasil continua atraindo investidores internacionais devido à sua relativa estabilidade regulatória e jurídica, em contraste com a incerteza em outros mercados, como os EUA. Luciana destacou que o país construiu arcabouços sólidos ao longo dos anos, reforçando a confiança dos investidores. No entanto, a diretora reconheceu que alguns projetos podem ser adiados enquanto os custos de financiamento permanecem elevados.
Em paralelo, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes, defendeu a reforma do setor elétrico proposta pelo governo, batizada de “Luz do Povo”. A medida visa ampliar a inclusão energética, beneficiando milhões de brasileiros com contas de luz mais acessíveis e abrindo o mercado livre para consumidores de baixa tensão. Antonio Scala, presidente da Enel no Brasil, elogiou a iniciativa, mas ressaltou a necessidade de aguardar o formato final da reforma após a aprovação no Congresso.