A ministra do Meio Ambiente deixou uma audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado após trocas de farpas com parlamentares durante a discussão sobre a pavimentação da BR-319, rodovia que liga Porto Velho a Manaus. O conflito evidenciou as tensões entre o governo e parte da base aliada no Congresso em relação a projetos de infraestrutura na Amazônia e licenciamento ambiental. A saída ocorreu após um senador fazer comentários desrespeitosos em sua direção, levando-a a exigir um pedido de desculpas, que não foi atendido.
O debate também revelou divergências dentro da própria base governista, com acusações de que a ministra estaria impedindo o desenvolvimento do país ao defender regras ambientais mais rígidas. Em resposta, ela argumentou que a obra da BR-319, apoiada pelo presidente Lula, precisa de uma Avaliação Ambiental Estratégica para evitar problemas como grilagem, garimpo ilegal e desmatamento. A discussão ganhou ainda mais relevância após o Senado aprovar um projeto que flexibiliza o licenciamento ambiental, mesmo com resistência de parte do PT.
O impasse reflete os desafios do governo em equilibrar agendas econômicas e ambientais, especialmente na região amazônica. Enquanto a ministra sinalizou que pode pedir vetos a trechos do projeto aprovado no Senado, a postura do governo tem sido interpretada como ambígua, já que não agiu para barrar a proposta em votações anteriores. A situação expõe as complexidades das políticas de desenvolvimento sustentável e as pressões políticas em torno delas.