Entre 2022 e 2025, pelo menos 222 pacientes tiveram complicações oculares após cirurgias realizadas em mutirões oftalmológicos no Brasil, com 20% perdendo a visão parcial ou totalmente. Os dados, compilados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), revelam falhas nos critérios de segurança, como higienização inadequada e falta de monitoramento pós-operatório. Casos recentes em estados como Paraíba, Rondônia e São Paulo destacam infecções e perdas visuais, muitas vezes ligadas à desorganização dessas iniciativas.
O CBO enfatiza a necessidade de seguir protocolos sanitários rigorosos, desde o planejamento até o acompanhamento dos pacientes, incluindo a supervisão por oftalmologistas qualificados. Em 2023, o conselho lançou um guia com diretrizes para mutirões, baseado em normas da Anvisa e do CFM, visando reduzir riscos. Entre as recomendações está a interrupção imediata das atividades em caso de infecções, além da notificação obrigatória às autoridades de saúde.
Incidentes como os registrados em Campina Grande (PB) e Taquaritinga (SP) mostram que, sem estrutura adequada, mutirões podem causar mais danos que benefícios. O Ministério Público de São Paulo investiga um caso em que 12 pacientes perderam a visão após cirurgias de catarata. O CBO defende que essas ações sejam realizadas apenas em locais com experiência comprovada, reforçando a importância da vigilância sanitária para garantir a segurança dos procedimentos.