Um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que a agência mantinha um gabinete dentro do Palácio do Planalto durante o governo anterior, com acesso direto ao então presidente, à margem da estrutura formal do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o relato, essa foi a primeira vez na história da Abin que a agência ocupou espaços físicos no Planalto, operando de forma independente do comando habitual. O depoimento reforça suspeitas de que a inteligência brasileira teria sido usada para fins políticos na época.
O agente destacou que os diretores da Abin naquele período eram escolhidos diretamente pelo então presidente, sem interferência do ministro do GSI. O gabinete paralelo funcionava no segundo andar do Planalto, onde o então diretor-geral da agência despachava por dias, tratando tanto de assuntos de inteligência quanto de temas políticos. A Procuradoria-Geral da República (PGR) investiga se a estrutura foi utilizada para monitorar adversários, produzir dossiês e endossar narrativas favoráveis à base governista.
O depoimento também esclareceu que a Abin não atuava na análise técnica das urnas eletrônicas, mas focava em riscos logísticos, como bloqueios em rodovias e protestos violentos. As informações podem fortalecer a tese de que a agência foi instrumentalizada para fins políticos, um dos eixos centrais da investigação conduzida pelo STF. O caso segue sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.