Mariângela Hungria, pesquisadora brasileira, foi reconhecida com o Prêmio Mundial de Alimentação, considerado o “Nobel da Agricultura”, por seu trabalho de mais de 40 anos no desenvolvimento de insumos biológicos para cultivos de soja. Sua pesquisa focou na seleção de bactérias que fixam nitrogênio nas plantas, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Essa tecnologia, hoje aplicada em 85% das lavouras de soja no país, gerou uma economia estimada em R$ 140 bilhões em 2024 e contribuiu para posicionar o Brasil como líder global na produção do grão.
A cientista, que atua na Embrapa desde 1982, enfrentou ceticismo no início de sua carreira, mas persistiu em provar que microrganismos poderiam tornar a agricultura mais produtiva e sustentável. Seu método utiliza inoculantes líquidos contendo bactérias que se associam às raízes da soja, criando nódulos que funcionam como “fábricas” de fertilizante natural. Além dos benefícios econômicos, a técnica reduz a emissão de gases de efeito estufa, como o óxido nitroso, que é 300 vezes mais poluente que o CO2.
Hungria é a primeira mulher brasileira a receber o prêmio, uma honra que a surpreendeu. A cerimônia de entrega ocorrerá em outubro nos EUA. Seu legado inclui não apenas avanços na soja, mas também aplicações em outras culturas, como milho e feijão, reforçando o potencial da ciência para aliar produtividade e preservação ambiental.