Em 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal registrou um aumento significativo no atendimento de crianças e adolescentes com ansiedade. Entre crianças de 10 a 14 anos, os casos saltaram de 99 em 2019 para 588 em 2024, um crescimento de 493%. Já entre adolescentes, o número subiu de 175 para 3.127 no mesmo período, um aumento alarmante de 1.686%. Especialistas atribuem parte desse cenário ao excesso de tempo gasto em frente às telas e à falta de atividades ao ar livre, fatores que agravam a saúde mental desse público.
A psiquiatra Gabriela Crenzel destaca a necessidade de equilibrar o uso da tecnologia com outras atividades, como exercícios físicos e interações sociais presenciais. Ela alerta que, sem mudanças, até um quarto das crianças e adolescentes podem desenvolver ansiedade ou depressão no longo prazo. Dados da Pesquisa Distrital por Amostra Domiciliar de 2024 mostram que 88% das crianças e 96% dos adolescentes no DF acessaram a internet nos últimos três meses, reforçando a exposição precoce e prolongada a dispositivos digitais.
Casos como o de um menino de 12 anos, diagnosticado com transtorno de ansiedade aguda e autismo, ilustram os desafios enfrentados por famílias. Sua mãe relata que a redução do tempo de tela, a terapia e a prática de mindfulness foram essenciais para controlar os sintomas. Médicos recomendam limites rígidos no uso de telas: zero horas nos primeiros anos de vida e, na adolescência, no máximo 3 a 4 horas diárias, sempre com supervisão. A mensagem é clara: a tecnologia veio para ficar, mas seu uso deve ser moderado e consciente.