O governo da Argentina revelou um plano que permitirá aos cidadãos utilizar suas economias em dólares sem a necessidade de explicar a origem dos recursos. O ministro da Economia afirmou que a medida busca restaurar a liberdade financeira da população e reduzir a estigmatização de quem recorre ao mercado informal, destacando que a alta carga fiscal e as regulamentações excessivas levaram cerca de metade da economia a operar na informalidade. Estima-se que os argentinos guardem pelo menos US$ 200 bilhões em poupanças não declaradas, muitas vezes fora do sistema bancário, devido à desconfiança gerada por crises econômicas recorrentes.
Além da liberação do uso de dólares, o governo também anunciou o aumento dos limites para transações que exigem comunicação à autoridade tributária, como gastos com cartões, compra de veículos e vendas de imóveis. O ministro argumentou que as medidas visam promover a formalização da economia e sustentar o crescimento, seja em pesos ou dólares. O Fundo Monetário Internacional (FMI) ressaltou que qualquer iniciativa deve estar alinhada com as normas internacionais de combate à lavagem de dinheiro, referindo-se ao programa de US$ 20 bilhões vigente no país.
O mercado reagiu positivamente à proposta, com o índice Merval subindo 1,4% após o anúncio. O plano, batizado de “Reparação Histórica da Poupança dos Argentinos”, será formalizado por decreto e enviado ao Congresso como projeto de lei para garantir segurança jurídica aos poupadores. A medida reflete a estratégia do governo de flexibilizar regras e incentivar a reinserção de recursos na economia formal.