O psicólogo social Jonathan Haidt, autor do best-seller “A Geração Ansiosa”, destacou os impactos negativos do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes durante o 6º Congresso Socioemocional LIV, no Rio de Janeiro. Ele apontou que a infância baseada em brincadeiras ao ar livre foi substituída por uma rotina hiperconectada, resultando em problemas como ansiedade, depressão, déficit de atenção e queda no desempenho escolar. Haidt enfatizou que a saúde mental dos jovens piorou significativamente após a popularização dos smartphones, a partir de 2010, com aumento alarmante de casos de automutilação e pensamentos suicidas.
Como solução, Haidt propôs um plano de ação baseado em quatro pilares: evitar smartphones antes dos 14 anos, permitir redes sociais apenas após os 16, tornar escolas 100% livres de celulares e promover independência real para as crianças. Ele elogiou o Brasil por já adotar medidas restritivas ao uso de dispositivos em escolas e destacou a importância de atividades analógicas, como brincadeiras ao ar livre e interações familiares. O psicólogo também sugeriu práticas simples, como manter telas fora dos quartos e estabelecer limites de horário.
Apesar do cenário preocupante, Haidt encerrou com uma mensagem otimista, afirmando que a mudança é possível e já está sendo liderada por mães em todo o mundo. O evento, que celebrou uma década de atuação do Programa LIV, reuniu quase 2 mil pessoas e discutiu temas cruciais para o desenvolvimento socioemocional de jovens, contando também com a participação de outros especialistas, como o escritor Mia Couto e o pediatra Daniel Becker.