Um ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça depôs no STF nesta segunda-feira (19.mai.2025) sobre o suposto uso de suas habilidades técnicas para ações ilegais durante as eleições de 2022. Ele afirmou que recebeu ordens diretas para mapear municípios com alta concentração de votos para os principais candidatos à Presidência, além de analisar a distribuição de agentes da PRF. Segundo o depoimento, as solicitações partiram de uma autoridade da época, e ele guardou os relatórios por temer que fossem utilizados para fins inadequados.
O caso integra o julgamento que investiga uma suposta tentativa de golpe após o pleito, com foco em ações que poderiam ter interferido no deslocamento de eleitores. O ex-analista destacou que se sentiu “apavorado” ao perceber que seus trabalhos poderiam estar servindo a decisões ilegais. As informações coletadas teriam sido repassadas a um ex-ministro, agora réu no processo.
A primeira fase das oitivas no STF inclui depoimentos de membros do chamado “núcleo crucial”, acusado de articular os eventos. Entre os nomes a serem ouvidos estão ex-comandantes das Forças Armadas e outras autoridades da época. As sessões ocorrem por videoconferência, sem transmissão oficial, mas com acompanhamento da imprensa em um telão no tribunal. Ao todo, 82 testemunhas devem ser ouvidas ao longo do processo.