O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou em evento promovido pelo Goldman Sachs que as políticas comerciais dos Estados Unidos podem levar a um deslocamento da curva de oferta global para um patamar menos eficiente, semelhante ao observado durante a fragmentação do comércio internacional. Ele mencionou que a regionalização tem sido vista como alternativa à globalização tradicional, mas ressaltou que esse movimento parece representar uma solução “second best”, com custos mais elevados e cadeias de valor alongadas, como no caso do México servindo de intermediário para produtos asiáticos destinados ao mercado norte-americano.
Galípolo também abordou os possíveis impactos das tarifas comerciais implementadas pelo governo dos EUA, alertando para desequilíbrios entre oferta e demanda no mercado de títulos e para distorções em estatísticas econômicas de diversos países. Ele enfatizou a dificuldade de medir esses efeitos, dada a alta incerteza do cenário atual, e destacou a importância de comunicação clara e humilde por parte dos bancos centrais para lidar com essas complexidades.
Por fim, o presidente do BC reforçou a necessidade de cautela e flexibilidade na condução da política monetária, especialmente em um contexto de incertezas ampliadas. Ele observou que países com espaço para estímulos fiscais podem ter mais margem de manobra em caso de desaceleração econômica, mas ressaltou que os ruídos causados pelas medidas protecionistas devem ser monitorados de perto, dada sua potencial influência na economia global.