Centenas de estudantes tomaram as ruas do centro de São Paulo em um protesto contra o racismo, após um incidente envolvendo um colega de 12 anos em um shopping da cidade. O menino, que é negro, foi abordado de forma constrangedora pela segurança do local, que questionou se suas amigas estavam sendo incomodadas por ele. O episódio, mais uma vez, colocou a cor da pele como motivo de humilhação, despertando indignação e mobilização. Os alunos, em vez de assistirem às aulas, marcharam pelo shopping, transformando a dor em um ato de resistência e civilidade.
O texto reflete sobre como o racismo estrutural mina a autoestima de pessoas negras através de gestos, olhares e oportunidades negadas, moldando suas personalidades ao longo da vida. A abordagem pela segurança, que também é uma mulher negra, evidenciou a complexidade do problema: mesmo vítimas de discriminação, muitas pessoas reproduzem preconceitos enraizados na sociedade. O shopping, alvo de denúncias anteriores, repetiu o discurso de repúdio ao racismo, mas a recorrência dos casos levanta dúvidas sobre a efetividade dessas ações.
Inspirado no livro “O avesso da pele”, o texto reforça a importância de preservar a humanidade e os afetos, mesmo em um mundo onde a cor da pele ainda determina experiências. O protesto das crianças serviu como um grito coletivo por justiça e igualdade, lembrando que, por trás das diferenças, há uma essência comum a todos. A mensagem é clara: não há mais espaço para o racismo, e a mudança começa com gestos de coragem como o desses jovens.