Um estudo da consultoria Kaya Mind, publicado no Anuário de Growshops, Headshops e Marcas 2024, estima que 2,8 milhões de adultos no Brasil consomem maconha regularmente para fins recreativos. O levantamento, baseado em dados do IBGE, Fiocruz e outras instituições, considera os números conservadores devido ao estigma e ao proibicionismo, que dificultam respostas sinceras em pesquisas. Além disso, o relatório aponta que 18 milhões de brasileiros usam derivados do tabaco regularmente, incluindo produtos populares em headshops.
O documento também destaca os custos públicos do proibicionismo, com R$ 6,1 bilhões gastos em 2023 apenas na manutenção de presos condenados por tráfico de drogas. Dados do Senappen mostram que 26% da população carcerária cumpre pena por esse crime, sendo que 51% dos casos envolvendo maconha são por posse de menos de 100g. Paralelamente, o uso medicinal da cannabis avança, com mais de 672 mil pacientes registrados no país, embora o acesso ainda enfrente barreiras como custos elevados e falta de prescrição na rede pública.
Recentemente, o STF decidiu que o cultivo de até seis plantas de cannabis para uso pessoal não configura crime, o que pode facilitar o acesso terapêutico. No entanto, persiste insegurança jurídica, e muitos pacientes dependem de autorizações judiciais para plantar. A decisão impulsionou o mercado de acessórios relacionados, vendidos legalmente em growshops e headshops. Enquanto o uso recreativo permanece ilegal, o debate sobre regulamentação deve ganhar força nos próximos anos, tanto no Congresso quanto na sociedade civil.